Os desafios táticos de Enderson Moreira com Ronaldinho e Fred juntos

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(Foto: Montagem - Adriano Motta)
Ronaldo de Assis Moreira. Ou, simplesmente, Ronaldinho Gaúcho. Um dos maiores jogadores já lançados pelo futebol brasileiro. Rei na Espanha. Entre 2003 e 2008 viveu o auge da sua carreira e construiu, no Barcelona, uma história de invejar qualquer jogador que almeja ser grande algum dia.

Hoje, chega ao Fluminense após de boas temporadas pelo Atlético-MG, e atuações abaixo do esperado no Querétaro, do México. Pensando no marketing, uma contratação excepcional. Assim como fez com o time mexicano, Ronaldinho deve trazer reconhecimento internacional inimaginável ao Fluminense. Lucros em cima da sua imagem devem ser incontáveis, principalmente após o Clube contratar a agência África, para cuidar da 'marca' do Gaúcho.

Já no campo, a dúvida é inevitável. Enderson, desde que chegou ao tricolor, prioriza o jogo de compactação eficaz sem a bola, e objetividade com a posse da mesma. Tal estratégia, talvez, seja um dos principais fatores para a sequência de 11 jogos do treinador com 7 vitórias, 3 empates, e uma derrota - o Fluminense perdeu duas vezes no campeonato, mas, na primeira ocasião, o comando da equipe estava com Ricardo Drubscky.

Com Vinícius, o Flu tinha a qualidade de passe no centro do campo, além da boa marcação exercida pelo meia, proporcionando uma maior liberdade para Fred mais a frente. Já com Marcos Júnior, atacante cria de Xerém, também escalado no centro do campo, viabilizou o jogo de profundidade e de intensa movimentação, que ora ou outra encostava em Fred variando naturalmente o 4-2-3-1 para o 4-4-2.

Um jogador "isento" de marcação chega a ser viável para uma equipe competitiva. Como exemplo, pode-se utilizar o Grêmio de Roger Machado, que tem filosofia semelhante a de Enderson utilizando compactação e mobilidade de suas peças.

Grêmio reduzindo o espaço de campo do adversário enquanto Douglas fica livre no meio. (Foto: Reprodução / ESPN - André Rocha)
Mas quando se tem dois jogadores que não conseguem dedicar-se a marcação, o resto do time, obviamente, tende a ficar sobrecarregado. A proposta do 4-2-3-1 deve ser mantida com Ronaldinho no time. Os dois pontas - provavelmente Osvaldo e Gerson, afundam para acompanhar os laterais, enquanto Ronaldinho e Fred se aproximam, formando quase que o 4-4-1-1. O Sport utiliza dessa variação com Diego Souza e André.

Entretanto, o que preocupa é a faixa central do campo. O futebol moderno exige a participação intensa e direta dos volantes. A cultura de volante cão de guarda e meia armador a cada dia vai entrando no esquecimento. Portanto, um minimo espaço proporcionado ao volante adversário pode tornar-se fatal contra o sistema defensivo.

Porque mesmo que Fred se esforce para recompor na marcação, é notório que as características do jogador não o permitem executar tal função com qualidade. Ronaldinho, por ter perdido a característica de intensidade e velocidade com o passar dos anos, também não consegue recompor.

Com Fred e Ronaldinho "livres" da obrigação de marcar, o campo de ação dos volantes adversário aumenta.
Se sem a bola o 'fator Ronaldinho' preocupa, com ela a tendência é de êxito. O fraco nível do futebol brasileiro e suas equipes podem proporcionar grandes momentos ao jogador. Se motivado, deve executar o que fez no Atlético-MG campeão da Libertadores. Lançamentos para Jô, extremos de velocidade, e a qualidade de passe e conclusão do camisa 10, que, na maioria das vezes, estava próximo à área. Decidiu vários jogos para o Galo Mineiro dessa forma.

Nada muito diferente do que pode encontrar no sistema ofensivo tricolor com Fred, Gerson e Osvaldo.
O 4-2-3-1 do Fluminense com Ronaldinho.
De toda forma, a chegada de Ronaldinho desafia Enderson Moreira a um quebra-cabeça tático. Sua entrada vai desequilibrar o sistema defensivo. Mudar de alguma forma a postura será necessário. Assim como motivar o jogador será de suma importância.

Com 35 anos, a nova contratação do Fluminense volta ao Rio de Janeiro podendo ser ou não, junto a Fred, mais uma referência no elenco tricolor, principalmente para os garotos. Se vai ser uma referência boa, só o tempo dirá.

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