Gavião Kyikatejê Futebol Clube, de Bom Jesus do Tocantins, 480 Km de Belém, capital do Pará. Você já ouviu o nome desse time? Não? Pois saiba que ele vem fazendo história em 2014. O Gavião chama a atenção por ser o primeiro clube profissional de origem indígena do Brasil.
A equipe estreou na elite do futebol paraense. O resultado derrota de 2 a 1 para o tradicional Paysandu, em Belém, é o que menos importou para esses atletas.
Isso tudo graças a Zeca Gavião, cacique da aldeia Kyikatejê, cujo nome significa, na língua Timbira Oriental, da família Jê, "povo do rio acima". O time era conhecido como Castanheira EC e deixou de ser amador em 2009, adotando o nome atual e Zeca, fundador do Kyikatejê, foi o primeiro técnico. Hoje é o presidente.
Em 2013, o Gavião foi vice da Segundona e vice da Divisão de Acesso de 2014.
"Foi histórico. Mostramos um pouco da nossa cultura através do futebol. Nossa população sofre. Queremos, com o futebol, uma interação com o Brasil" - disse o cacique Zeca Gavião.
Para chegar até a primeira divisão do Paraense, o elenco do Gavião sofreu reformulações. Hoje ele conta com 28 jogadores, e quatro ainda são de origem indígena, sendo que dois, titulares absolutos. Além do meio-campo Watiwai, o técnico Vitor Jaime tem Aru no ataque, artilheiro de porte físico avantajado. Somente nas fases preliminares do estadual, o jogador assinalou oito gols.
"Quando fui contratado, pensei que encontraria algo mais simples, mas cheguei e vi o pessoal bem atualizado, inclusive acessando a internet. Todo mundo aqui é muito acolhedor" - Peri, atacante do Gavião
Os jogares viajam longas horas de ônibus da tribo até o local dos jogos. A falta de estrutura e as horas de viagem podem atrapalhar, mas não são barreiras para impedir os objetivos desse grupo que vão além do futebol: mostrar o potencial dos indígenas.
Estamos chamando a atenção de todos. O esporte é importante. Queremos mostrar a nossa cultura. Não queremos esconder nada. - completa o presidente.